A convergência de análises estruturais contendo contato não linear, provavelmente é um dos tipos de não linearidade que mais deixam os analistas sem dormir.
Quando a análise não linear de contato não converge é desesperador – não se sabe ao certo o que fazer..... Depois de muitas noites sem sono, muita pesquisa e vontade de resolver as análises, fizemos um procedimento para ajudar você a convergir análises não lineares de contato.
Em um típico problema de contato não linear, o gráfico de convergência deve ser analisado. Repare no gráfico abaixo que a força de convergência (linha roxa) da análise não converge, ou seja não fica abaixo do critério estipulado (linha azul).
Figura 1 - Gráfico de convergência.
Dicas para identificar o problema:
Dica 01:
Comece simples e vá aumentando a dificuldade do problema a medida que a análise for convergindo:
- Não comece com um modelo que possua vários contatos não lineares.
- Pense em fazer um modelo mais simples para entender o que está acontecendo na sua análise.
Dica 02:
Verifique se todos os contatos estão “fechados”, utilizando a ferramenta “Contact Tool”:
- Não devem existir contatos destacados em vermelho (abertos);
- Contatos destacados em laranja, podem apresentar problemas na convergência. Para “fechar” os contatos, é possível alterar o “Interface Treatment” para “Ajust to Touch”, ou então aumentar o pinball do contato.
Figura 2 - Contact tool.
Dica 03:
Caso existam vários contatos não lineares, altere alguns contatos para bonded ou no separation (contatos lineares) para encontrar especificamente o contato que está apresentando problema de convergência.
- Após a resolução do problema, volte os contatos de maneira a representar sua simulação ideal.
Figura 3 - Contatos entre os parafusos e flanges considerados como no separation.
Dica 04:
Rode uma análise modal para verificar a existência de movimento de corpo rígido.
- Os modos com frequências iguais a 0Hz (ou muito próximo disso), são os modos relativos a movimentos de corpo rígido;
Figura 4 - Modo 01 - Frequência 38Hz.
Figura 5 - Modo 02 - Frequência 39Hz.
Dica 05:
Adicione restrições no modelo para evitar o movimento de corpo rígido:
- Um pequeno movimento pode fazer com que a análise não atinja convergência;
- Mesmo que a restrição adicionada não tenha sentido na sua análise, adicione-o temporariamente para verificar se a análise converge. Se a convergência ocorrer, você já identificou a causa do problema e pode resolvê-la de melhor forma.
Figura 6 - Remote displacement adicionado para tentativa de convergência.
Dica 06:
- Adicione weak spring:
- Essa função adiciona molas “fracas” para estabilizar o modelo;
- Utilize essa função com cuidado – o movimento de corpo rígido pode ser "mascarado" com essa função ativada, e os resultados de sua análise podem ser impactados por isso;
Figura 7 - Analysis settings.
Dica 07:
- Ative a função “large deflection”:
- Ativando o large deflection, o software passa a resolver problemas não lineares de grandes deslocamentos, onde a matriz de rigidez é recalculada ao decorrer da análise.
Figura 8 - Analysis settings.
Dica 08:
Refine a malha na região do contato não linear:
- Quanto mais elementos em contato, melhor a convergência;
- O refino de malha pode aumentar consideravelmente o tempo de resolução da análise. Como o processo de solução é iterativo, considere refinar a malha de modo que a análise não fique tão pesada, e em último caso, deixa esta opção para ser a última de suas tentativas.
Figura 9 - Flange com malha inicial.
Figura 10 - Flange com malha refinada.
Dica 09:
- Plote o residual de Newton Raphson para verificar as áreas de não convergência;
- Essa opção tem que ser adicionado antes da solução da análise;
- Adicionar o residual de Newton Raphson no details of “Solution Information”, inserindo o número de plotagens desejadas. Esse número deve ser correlacionado com o número de substeps – por exemplo, se o número 01 for inserido, será exibido uma plotagem referente ao último substep. Se o número 03 for inserido, serão exibidos três plotagens referente aos últimos três substeps.
Figura 11 - Details of solution information.
Figura 12 - Plotagem do residual de Newton Raphson.
Dica 10:
Aumente o número de substeps no analysis settings:
- Regra prática – quanto mais não linear o problema, mais substeps devem ser adicionados;
Figura 13 - Details of analysis settings.
Dica 11:
Utilize o contato Frictionall adicionando um coeficiente de atrito.
Figura 14 - Details of Frictional contact.
Dica 12:
Altere a formulação do contato:
- Normal Langrange
- Não permite penetração, e por conta disso o contato pode não convergir por estar hora fechado e hora aberto, fenômeno denominado por “chattering”.
- Evite a utilização do normal lagrange para problemas em que a convergência não é atingida. Entretanto, esteja ciente de que as outras formulações vão permitir pequenas penetrações entre uma peça e outra.
- Pure Penalty
Por contato do termo extra λ, o contato “augmented lagrange” é menos sensitivo a magnitude da rigidez do contato .
- Realize tentativas com pure penalty e augmented lagrange
Figura 15 - Details of frictional contact.
Figura 16 - Tabela com característica dos contatos.
Dica 13:
Diminua a rigidez normal do contato :
- Válido apenas para as formulações de contato “Pure penalty” e “augmented lagrange”
- É um fator relativo e deve ser usado da seguinte forma:
- Valor = 1 – deve ser utilizado para problemas em que o contato exerce forças de compressão – Exemplo – uma peça empurra a outra.
- Valor ~ 0,1 – deve ser utilizado para problemas em que existe flexão entre uma peça e outra.
- Um valor alto desse fator ( = 1) fornece resultados mais precisos, entretanto a análise fica mais difícil de convergir;
- Se a rigidez do contato é muito alta, o modelo tende a oscilar, sendo que a convergência não é atingida:
Figura 17 - Oscilação do contato durante a resolução das iterações.
- De qualquer maneira, independente do valor utilizado, verifique os resultados de penetração no “contact tool”:
- Se a penetração for insignificante para seu problema, você pode considerar que o fator de rigidez pode ser utilizado.
Figura 18 - Penetração no contact tool.
Figura 19 - Details of frictional contact.
Dica 14:
- Faça uma planilha anotando todas as alterações realizadas:
- Verifique a tendências das alterações que mais deram certo;
- Anote os resultados obtidos (ex. atingiu convergência, não atingiu convergência, quantos steps realizados, resultados de deslocamento, tensão, etc);
- Mesmo que a análise não tenha convergido, o gráfico de convergência mostra tendências das análises (ex. chegou perto de convergir, muito longe de convergir, etc).
- Quando a tendência do gráfico de convergência não se altera, muitas vezes não é necessário esperar até o final da análise, ou seja, você pode interromper a análise sem perder tanto tempo.
Dica 15:
- Verifique o “Solver Output”
Figura 21 - Exemplo do solver output.
Conseguiu convergir a análise?
Compartilhe suas experiências conosco!
Muito as dicas. Ajudam muito na convergência das análises não lineares.
Tenho uma pergunta a fazer. Se for possível responder eu agradeço.
O gráfico força versus deslocamento no final de uma análise não linear, pode ser visualizado no próprio software ANSYS ou temos que extrair os dados referentes as "Force Convergence" e "Displacement Convergence" e traçar o gráfico?
Atenciosamente,
Ivelton
Ótimas as dicas. Ajudam muito na convergência das análises não lineares.
Tenho uma pergunta a fazer. Se for possível responder eu agradeço.
O gráfico força versus deslocamento no final de uma análise não linear, pode ser visualizado no próprio software ANSYS ou temos que extrair os dados referentes as "Force Convergence" e "Displacement Convergence" e traçar o gráfico?
Atenciosamente,
Ivelton