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PARAFUSO SENSORIZADO - PRÉ CARGA

Postado em
19 de maio de 2020

INTRODUÇÃO

Fizemos um artigo no passado, explicando a importância de se aplicar o torque correto em parafuso.

Apresentamos o conceito da força de pré carga que é gerada pela aplicação do torque, sendo essa força a mais importante para ser controlada em uma união parafusada.

MÉTODOS DE APERTO DE PARAFUSO

Alguns métodos utilizados para “controlar” a força de pré carga são detalhados abaixo:

Maneiras de se aplicar o torque

Os métodos mais precisos para a verificação da força de pré carga são os dois últimos da tabela acima (Alongamento e Extensômetro).

Neste artigo vamos apresentar o passo a passo para instalar o extensômetro em parafusos, para que no final seja possível ter um parafuso sensorizado pronto para o uso em alguma aplicação especifica onde seja necessário medir a força de pré carga.

Ao final de todas as etapas ele ficará como mostra a imagem abaixo:

Parafuso sensorizado finalizado

Figura 1 - Parafuso sensorizado pronto para uso.

O extensômetro é instalado em um furo realizado no centro do parafuso, de acordo com a imagem abaixo:

Vista em corte com detalhe do sensor dentro do parafuso

Figura 2 - Extensômetro instalado dentro do furo do parafuso.

PASSO A PASSO PARA FABRICAR O PARAFUSO SENSORIZADO

O passo a passo para a instalação do extensômetro no parafuso é o seguinte:

  • Passo 1 – Furar o parafuso:
    • O furo deve ser bem centralizado, sendo importante atender as dimensões de diâmetro e comprimento fornecidas pelo fabricante do sensor.
  • Passo 2 – Limpar o furo:
    • O furo deve ser limpo com álcool isopropílico ou acetona.
  • Passo 3 – Colagem do Extensômetro no Parafuso
    • O extensômetro deve ser colado no parafuso com colas especiais, atendendo o processo de cura a temperaturas pré determinadas.

Sensor sendo inserido dentro do parafuso

Figura 3 - Extensômetro sendo inserido no furo .

  • Passo 4 – Conexão do Extensômetro com Fio Externo:
    • O extensômetro deve ser conectado com fios externos que possibilitem a medição da deformação em módulos específicos e apropriados.

Conexão do parafuso com o fio externo

Figura 4 - Conexão com o fio externo.

  • Passo 5 – Calibração do Sensor:
    • O parafuso deve ser submetido a um teste, em uma máquina de tração, onde são aplicadas forças axiais e verificado os resultados obtidos pelo extensômetro. Todas as cargas aplicadas estão dentro do regime elástico do material e tem como principal objetivo verificar a efetividade da instalação do sensor e a linearidade dos resultados obtidos.
    • A relação entre força aplicada e resposta do sensor, fornece um coeficiente de calibração que relaciona a força de pré carga no parafuso com a deformação do sensor.

Ensaio de tração no parafuso sensorizado

Figura 5 - Parafuso sumetido a ensaio de tração para calibração do sensor.

  • Passo 6 – Utilização do Parafuso Sensorizado:
    • O parafuso sensorizado está pronto para ser utilizado, e para isso é necessário conectar os fios em uma placa de aquisição apropriada para extensômetros.

Setup para coleta de dados do extensômetro

Figura 6 - Setup para medição do parafuso sensorizado.

    • À medida que o torque for aplicado no parafuso, o valor da força de pré carga será apresentado na tela do computador.

Torque sendo aplicado no parafuso

Figura 7 - Torque sendo aplicado no parafuso sensorizado.

A resposta de deformação do sensor durante a aplicação do torque pode ser visualizada abaixo:

Gráfico de deformação x tempo

Figura 8 - Gráfico de Deformação x Tempo.

Multiplicando a deformação pelo coeficiente de calibração, é possível obter a resposta da força de pré carga aplicada, conforme é mostrado abaixo:

Gráfico de pré carga x tempo

Figura 9 - Gráfico de Força de Pré Carga x Tempo.

ENTENDENDO NA PRÁTICA A IMPORTÂNCIA DA PRÉ CARGA EM PARAFUSO...

Em qualquer projeto que haja parafusos, o torque é calculado a partir da força de pré carga necessária para garantir que a união não se separe e que não haja flutuações de tensão no parafuso (já falamos sobre isso em nosso artigo).

No final das contas, o torque é uma maneira mais fácil, rápida e barata de se controlar, entretanto pode não ser preciso o suficiente.

Agora, faremos o inverso, vamos aplicar 30N.m no parafuso sensorizado e calcular a força de pré carga teórica para posteriormente compará-la com o valor obtido pelo sensor.

Torque sendo aplicado no parafuso

Figura 10 - Torque sendo aplicado no parafuso.

Para o experimento, utilizamos um torquímetro de vareta, que não é nada preciso devido principalmente a sua dificuldade de medição.

Detalhe da marcação de 30Nm

Figura 11 - Marcação de 30N.m no torquímetro.

A força de pré carga teórica pode ser calculada pela equação abaixo:

Equação de pré carga

Variáveis da equação de pré carga

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O coeficiente de torque depende da maciez da superfície, acurácia e grau de lubrificação, em outras palavras, é um coeficiente que mede todos os atritos envolvidos durante o aperto do parafuso.

A grande variação das amplitudes de pré carga, se dá por conta dos valores que podem ser utilizados para este coeficiente. Já é fácil imaginar que esse fator pode variar drasticamente se a rosca de um parafuso estiver limpa ou suja, lubrificada ou enferrujada, e assim por diante.

Geralmente, o valor do coeficiente de torque nominal é adotado entre 0,15 a 0,3. Para este experimento adotaremos 0,2.

Fazendo esse cálculo para o parafuso em questão, temos:

Cálculo da força de pré carga

De acordo com o gráfico de pré carga do parafuso sensorizado, o valor da pré carga relativo aos 30N.m é obtido no patamar mostrado abaixo:

Detalhe da marca de 30Nm aplicada pelo torquímetro

Figura 12 - Força de pré carga do parafuso sensorizado.

O valor de pré carga é de 7.140,0N.

COMPARATIVO

Fazendo o comparativo entre os valores de pré carga obtidos pelo torquímetro de vareta e o parafuso sensorizado, temos:

Tabela comparativa entre resultados do torquímetro e sensor

A variação é maior que 100%!!

A interpretação desses valores deve ser feita da seguinte forma:

  • Imagine que o torque de projeto para esse componente seja de 30N.m, e a força de pré carga seja de 15.000,0N. Ou seja, é necessário garantir que os 15.000,0N sejam aplicados na união parafusada.
  • Quando você utiliza o torquímetro de vareta e chega a 30N.m está na verdade aplicando apenas 7.140,0N de pré carga. Essa pré carga é muito abaixo do que realmente deveria ser aplicado.
  • No final das contas, podemos concluir que utilizando o torquímetro de vareta não foi aplicado a força de pré carga necessária para esta união parafusada.

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Conseguiu entender na prática? Se ficou alguma dúvida, deixe seu comentário...

Não é à toa que empresas automobilísticas, aeronáuticas entre outras que precisam garantir um torque correto em componentes gastem milhões para controlar esse parâmetro.

A Ensus é especializada na fabricação de parafusos sensorizados, podendo oferecer o serviço de instalação, calibração e medição de parafusos de acordo com a especificação do cliente.

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Contate-nos através do e-mail atendimento@ensus.com.br para saber mais sobre esses serviços.

Confira também nosso canal no YouTube para ver um pouco mais como trabalhamos.

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2 comments on “PARAFUSO SENSORIZADO - PRÉ CARGA”

  1. Excelente Artigo Guilherme, parabéns!

    Nos temos algumas aplicações especiais em nossos processos, como torque de parafusos que são responsáveis pela União da asa a fuselagem!!
    Sempre utilizamos bons torquimetros (Snap on) todavia nunca verifiquei nos procedimentos do manual de manutenção a necessidade de verificar a força de pré carga.
    Desta forma, duas perguntas:
    1 - Deveríamos começar a fazer esse estudo, para nossas aplicações?
    2 - Caso verifiquemos que a Fpc teórica seja menor que a verificada no set test, podemos alterar o valor do toque recomendado nos manuais sem problemas jurídicos casa haja um incidente e seja verificado que o torque está diferente do recomendado no manual?

    1. Muito obrigado pelo comentário, Orestes.

      1 – Deveríamos começar a fazer esse estudo, para nossas aplicações?
      Por você trabalhar com manutenção, acredito que vocês sigam a recomendação de torque (valor e instrumentos) que o fabricante da aeronave exige. Dessa maneira, a validação dessa pré carga e torque já deve ter sido feita pelo fabricante e não vejo necessidade de vocês fazerem isso. A menos que vocês desconfiem que o torque aplicado esteja errado, ou se depararem com algum tipo de falha nesses parafusos – de qualquer maneira vocês não podem alterar a especificação do fabricante – será um teste para o conhecimento de vocês.

      2 – Caso verifiquemos que a Fpc teórica seja menor que a verificada no set test, podemos alterar o valor do toque recomendado nos manuais sem problemas jurídicos casa haja um incidente e seja verificado que o torque está diferente do recomendado no manual?
      Essa questão tem a ver com a responsabilidade e garantia da aeronave o que cabe ao meu ver para o fabricante. De maneira alguma acho que os valores que vocês acharem em testes pode ser usado como referência para a aplicação do torque.

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