A maioria dos componentes mecânicos estão submetidos a carregamentos cíclicos que estão sujeitos a falha por fadiga. Diversas pesquisas sobre fadiga foram feitas para identificar o percentual de falhas mecânicas que são ocasionadas por este fenômeno, e pode-se dizer que esse número é de 50 a 90% de todas as falhas mecânicas. [INCRÍVEL]
A definição de fadiga segundo a norma ASTM é a seguinte:
“Processo progressivo e localizado de modificações estruturais permanentes ocorridas em um material submetido a condições que produzam tensões e deformações cíclicas que pode culminar em trincas ou fratura após um certo número de ciclos. ”
Pela sequência mostrada acima, vemos que o fenômeno de fadiga é ocasionado por cargas cíclicas, que após um determinado tempo de trabalho leva a trinca e/ou ruptura total do componente.
Do ponto de vista microscópico, a fadiga é um fenômeno complexo, onde existem variáveis metalúrgicas difíceis de modelar com precisão, o que acabam variando os resultados na prática de um caso para outro. Em condições reais existem muitos fatores que podem influenciar a vida de fadiga, como por exemplo descontinuidades granular do material, temperatura de operação, exposição a corrosão, efeitos de tensões médias, variação das tensões de forma aleatória, entre outros.
Mesmo diante de vários pontos complexos mostrados, a estimativa de vida de fadiga deve ser realizada nos projetos, para garantir que este fenômeno não ocorra. Os principais métodos de estudo da fadiga são: método S-N, e-N e mecânica da fratura. Um breve descritivo desses métodos é proposto abaixo:
As curvas de fadiga dos componentes, são levantadas através de ensaios mecânicos considerando determinados materiais, amplitude e tipo de carregamento, correlacionando a tensão ou deformação com o número de ciclos até a falha ou nucleação da trinca do corpo de prova, como destacado acima.
Figura 2 - curva de fadiga S-N
Para a verificação da vida de fadiga em componentes mecânicos, é necessário conhecer as tensões e deformações atuantes no equipamento, para posterior cálculo do número de ciclos até a nucleação da trinca ou falha do componente.
A denominação “vida infinita” significa que o componente possui uma vida tão longa com relação a fadiga que não vai falhar por esse fenômeno. Em aços carbonos, o número de ciclos considerado como vida infinita deve ser superior a 10^6 ou 10^7 , variando de literatura para literatura. Ao contrário desse termo, “vida finita” significa que o componente vai falhar por fadiga em um determinado número de ciclos, sendo dividido ainda em fadiga de baixo e alto ciclo, dependendo do número de ciclos até a nucleação da trinca ou falha total do componente.
Os carregamentos cíclicos variam em função do tempo, de maneira determinística e/ou aleatória dependendo do equipamento e condição de trabalho que está submetido. Em condições de carregamento determinístico o carregamento pode ser previsto por equações, sendo que para estes casos o cálculo de fadiga são realizados utilizando a metodologia convencional S-N e e-N. De maneira geral, os procedimentos para a contabilização da vida de fadiga, podem ser expressos pelos processos abaixo:
A fadiga possui uma fratura típica, que muitas vezes pode ser identificada a olho nu. As etapas durante a falha de fadiga, deixam pistas na região fraturada, como pode ser observado abaixo:
A primeira etapa é a iniciação ou também chamada nucleação da trinca, onde pode-se considerar a trinca nessa fase quando ela possui aproximadamente 1mm.
Após essa primeira etapa, ocorre a propagação da trinca onde pode ser observado as chamadas marcas de praia que são “estrias” na superfície da fratura que se formam durante a propagação da trinca.
Em um determinado momento, a área restante dessa região acaba diminuindo a ponto que a falha é catastrófica (de uma vez só).
Obs – dependendo do tipo de carregamento, a localização e tamanho das 03 regiões explicadas acima podem se alterar.
Figura 3 - fratura por fadiga de um eixo, submetido a carregamento de torção
Agora que você já consegue analisar a região de fratura e caracterizar como falha por fadiga, é importante identificar como prevenir para que a falha não ocorra mais. Basicamente, deve-se analisar dois “campos” da engenharia:
Com todas as informações deste artigo, já deu para perceber que se em algum momento você se deparar com alguma falha mecânica, pelo menos desconfie de fadiga, afinal ela é a grande vilã das falhas mecânicas.
Até aqui, escrevemos muitas informações sobre fadiga, e portanto fizemos um resumo para que este assunto seja bem fixado em sua cabeça!
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Gostei do artigo. Sou aluno da Univesp e estamos estudando a Fadiga dos materiais, sendo este artigo citado pelo próprio professor da universidade.
Olá José Guilherme!
Parabéns pelo artigo!
Eu também sou aluno da Univesp nosso material de estudo cita o seu artigo:
Fadiga – A principal causa raiz das falhas mecânicas – O que é? Como identificar e prevenir?
Notei um pequeno erro no paragráfo:
A denominação “vida infinita” significa que o componente possui uma vida tão longa com relação a fadiga que não vai falhar por esse fenômeno. Em aços carbonos, o número de ciclos considerado como vida infinita deve ser superior a ou , variando de literatura para literatura.
Faltou informar o valor númerico do trecho: "vida infinita deve ser superior a ou , variando".
Diversas pesquisas sobre fadiga foram feitas para identificar o percentual de falhas mecânicas que são ocasionadas por este fenômeno, e pode-se dizer que esse número é de 50 a 90% de todas as falhas mecânicas.
Poderia fornecer a bibliografia (fonte) da onde vem esta informação. Estou escrevendo um artigo e me ajudaria.
Grato,
Parabéns pelo artigo.
Poderia me informar a fonte (bibliografia) da fadiga representar de 50 a 90 % das falhas mecânicas.
Parabéns!
José Guilherme.
Texto publicado foi muito útil.
Grato,
Prezados colegas boa noite. Não seria prudente, ao se projetar um eixo, ou qualquer componente mecânico sujeito a tensões elevadas, após esta fase, fazer um protótipo e submete-lo a um ensaio de ciclo de vida, para averiguar se o aço escolhido e a estrutura metalográfica, são adequadas ao fim a que se destinam. A escolha do tipo de aço pesa muito no quesito tempo de vida útil.
Como experiência minha no passado, eu trabalhava em uma fábrica de bombas, e todas as barras de aço ao carbono compradas para fabricação de eixos, nós retirávamos uma fatia e encaminhava para análise química e metalográfica após o tratamento térmico e conclusão da usinagem. Muitas surpresas desagradáveis foram constatadas.
Bibliografia para André e Armando.
Structural Connections for Lightweight Metallic Structures
editado por Pedro M.G.P. Moreira, Lucas F. M. da Silva, Paulo M.S.T. de Castro pág.247.
Excelente artigo. Muito obrigado, bastante didático e explicativo.
Muito bom o artigo, gostei coloca de maneira objetiva as informações para um entendimento.
Gostaria de saber como transformar essas informações em tempo em anos de vida em função de N.
A norma ABNT para veículo de duas rodas bike N=10 a sexta potencia condição mínima para ser aprovado
no teste de fadiga o garfo rígido isto em tempo seria quantos anos de vida teria esse componente.
Estou tendo problemas com um tambor de retorno. Eixo de Aço 1020 , com diâmetro de1.200 x 700 mm. Na linha de transporte de minério, esse eixo não tá suportando o processo de ciclos contínuos e não apresenta iniciação. Como proceder nesses casos?