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Como já dito em alguns de nossos artigos, a aplicação do torque correto nos elementos de fixação durante o aperto possui influência direta nas tensões e principalmente em sua vida útil. Para explicar um pouco melhor sobre esse assunto, será mostrado nesse artigo um estudo feito pela equipe da ENSUS para a realização de um trabalho de verificação do aperto das porcas nas colunas de uma prensa.
A prensa analisada neste artigo pode ser vista na imagem abaixo:
Figura 1 – Modelo da prensa analisada no artigo.
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Podemos dividir a prensa em partes, e são elas:
Figura 2 - Detalhe das partes da prensa.
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Figura 3 - Detalhe das partes da prensa.
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Motivação do estudo
O trabalho descrito acima surgiu a partir da necessidade de entender as trincas que estavam surgindo nas colunas da prensa, mais precisamente no primeiro filete de rosca da coluna.
Figura 4 - Região da trinca encontrada localizada no 1º filete engastado.
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Figura 5 - Região trincada.
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Essas trincas geram uma grande parada dentro da Indústria, ocasionando custos excessivos de manutenção e perda de produção, além claro, de trazer riscos para aqueles que trabalham próximos ao equipamento.
Devido ao tamanho do equipamento, torna-se inviável desmontar completamente a coluna para consertá-la ou até mesmo fazer uma coluna nova. Para resolver esse problema foi então necessário adotar o procedimento mostrado na imagem abaixo, onde é cortado um pedaço da coluna e um “postiço” é posicionado e soldado no seu lugar.
Figura 6 - Postiço e porca para solda na coluna e seu posicionamento.
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Por que as trincas nos filetes de rosca ocorrem?
Para entender por que as falhas nas roscas ocorrem, é necessário entender as forças atuantes durante o ciclo de operação do equipamento, pois elas são as responsáveis por causar as deformações das colunas.
A força total de prensagem é resultante da pressão do óleo que atua dentro da camisa levantando os pistões, menos as forças relativas aos pesos dos pistões, mesa móvel, bandejas e massa do produto prensado no processo.
Resumindo:
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Para manter o sistema em equilíbrio as oito colunas devem dividir a força total de prensagem entre elas, dessa maneira, chega-se à conclusão que cada coluna suporta aproximadamente 8.925kN.
As forças atuantes nas colunas, em teoria, são puramente axiais, portanto, o tipo de tensão que age nelas é do tipo Normal, ao longo de todo o comprimento.
Após essa análise chega-se à conclusão de que as tensões máximas e mínimas atuantes nas colunas são basicamente em dois momentos:
Essa diferença de tensão presente durante os ciclos de prensagem e repouso acaba possibilitando fadiga da coluna, e, devido a rosca ser um concentrador de tensão, ela acaba sofrendo mais que o restante. A imagem abaixo mostra uma simulação feita da região da união entre rosca e porca do equipamento, a fim de mostrar a concentração de tensão e explicar o surgimento da trinca.
Figura 7 - Vista geral das tensões durante o ciclo de prensagem.
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Como pode ser observado as tensões no filete são bem maiores que no restante das colunas devido a concentração de tensão já comentada acima.
O efeito de tensão máxima e mínima possibilita a ocorrência de fadiga e por este motivo a aplicação do torque nas porcas é tão importante.
Dessa maneira, chegamos à conclusão que aplicar o torque correto previne as falhas ocorridas na coluna da prensa.
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Quais são as dificuldade de apertas as porcas da Prensa? Como isso é feito?
Aplicar torque em prensas não é uma tarefa fácil, devido a principalmente 03 fatores:
De acordo com as informações acima, fica claro que aplicar ou corrigir os torques das colunas exige um planejamento grande e tempo suficiente para realização dessa atividade.
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Como verificar a efetividade do torque nas colunas da prensa?
Para verificar se o torque nas colunas é realmente efetivo utiliza-se da técnica de extensômetria, onde as deformações obtidas através dos sensores são comparadas com o histórico do equipamento. Os extensômetros são posicionados e colados na região das colunas (entre porca e contra porca), como mostra a figura abaixo.
Figura 8 - Local onde são instalados os extensômetros.
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Os extensômetros são instalados após a aplicação do torque, e, portanto, não medem a deformação referente a pré carga. Os resultados obtidos pelos sensores mostram a deformação da região entre porcas durante o ciclo de prensagem do equipamento.
Figura 9 - Extensômetro instalado na coluna da prensa.
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Os extensômetros foram nomeados seguindo o layout de instalação abaixo:
Figura 10 - Layout de instalação dos extensômetros.
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Os nomes adotados para cada um dos sensores são apresentados abaixo:
Após instalados os sensores são zerados e inicia-se a medição. O extensômetro mede então a diferença de tensão entre o ciclo de prensagem e repouso, através da diferença é que se verifica a real necessidade do aperto das porcas, pois, quanto maior a diferença, mais ele sofre com fadiga.
Os gráficos de cada uma das mesas podem ser vistos abaixo:
Figura 11 – Gráfico obtido dos extensômetros nas colunas (mesa inferior).
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Figura 12 - Gráfico obtido dos extensômetros nas colunas (mesa superior).
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A linha vermelha presente nos gráficos trata-se do valor máximo estipulado, tendo base o histórico do equipamento. Como pode ser visto algumas colunas apresentam valores elevados e um deles está até acima do limite admissível estipulado.
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Conclusão
Percebe-se que as colunas das extremidades (01 e 04) possuem maior amplitude de deformação durante o ciclo de prensagem, sendo prejudicial para a vida de fadiga da região da rosca.
É possível observar também que os extensômetros das colunas do centro não apresentam valores acima do limite admissível, no entanto, comparando com o histórico do equipamento, os valores da coluna (02LE) mostram um aumento considerável que deve ser analisado com cuidado.
Figura 13 - Gráfico de histórico do equipamento.
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Para que os valores comentados acima, voltem para uma condição normal de trabalho é necessário o aperto das porcas das colunas.
Devido à dificuldade de controlar o torque através de instrumentos adequados, é importante também ter um procedimento detalhado para controlar o ângulo de aperto das porcas, pois ele é quem define a efetividade do aperto.
Por fim, percebe-se que os ensaios de extensômetria proporcionam uma análise efetiva das condições de trabalho da prensa, e claro, a periodicidade desses ensaios é quem garante que não existirão novas trincas ou outros tipos de falhas.
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Conseguiu concluir o torque correto para o aperto de cada porca? Foi feito ensaio após o aperto correto e retirado os valores?