Neste artigo vamos falar um pouco sobre o fenômeno da ressonância e exemplificar a prática com um caso ocorreu em um ventilador industrial encontrado no dia a dia pela equipe técnica da Ensus.

Figura 1 - ventilador centrífugo.

Ressonância é um fenômeno que ocorre com a coincidência entre a frequência de operação e frequência natural, onde as amplitudes de vibração são amplificadas fazendo com que as solicitações estruturais aumentem de forma drástica, levando muitas vezes a falha total do equipamento.

A Frequência Natural pode ser definida por:

Onde:

  • K – Rigidez do Sistema;
  • M – Massa do Sistema;

Para conhecer um pouco mais sobre os conceitos básicos de frequência natural assista ao vídeo aqui

Podemos afirmar que se algum equipamento operar próximo à sua frequência natural, as amplitudes de vibração vão ser amplificadas e sua durabilidade prejudicada*.

*Alguns equipamentos são projetados para operar muito próximo da sua frequência natural, ex. mesa vibratória.

Abaixo será demonstrado um caso de ressonância em um ventilador industrial encontrado pela equipe técnica da Ensus.

Figura 2 - equipamento analisado ventilador centrífugo.

A principal queixa do cliente era de vibração excessiva no mancal LOA, apresentando alertas constantemente pelo monitoramento preditivo interno.

Este equipamento é composto por um motor elétrico, 02 mancais e 01 rotor, além de uma base civil e um Skid metálico de acordo com o esquema abaixo:

Figura 3 - esquema do equipamento.

As características básicas de operação do equipamento são mostradas abaixo:

  • Motor Elétrico:
    • Rotação – 3.600 rpm;
  • Exaustor:
    • Número de Pás – 06;

Para a investigação detalhada da vibração do equipamento, foi realizado um ODS no conjunto para identificar a causa raiz do problema.

A análise de ODS consiste na visualização do movimento da máquina, através da medição de vibração de diversos pontos na estrutura. O resultado desse trabalho é um vídeo mostrando a vibração de maneira amplificada do conjunto.

Caso tenha interesse em entender mais a fundo sobre essa técnica, acesse nosso artigo onde detalhamos passo a passo para a realização de um ODS.  https://ensus.com.br/operating-deflection-shape/

As principais etapas para a realização de um ODS são mostradas abaixo:

  1. Modelo 3D (Desenho dos Equipamentos)
  2. Definição dos Pontos de Coleta de Vibração
  3. Aquisição de Dados
  4. Definição das Frequências de Interesse (Análise Espectral)
  5. Correlação Modelo 3D vs Dados de Vibração Coletados
  6. Concepção do Vídeo (animação 3D)
  7. Conclusões

O modelo 3D foi levantado em campo, considerando os mancais, motor, skid metálica, base civil e carcaça do rotor de acordo com a imagem abaixo:

Figura 4 - modelo 3D levantado em campo.

 

Os pontos de medição selecionados, são mostrados abaixo:

Figura 5 - detalhamento dos pontos de medição.

 

A análise espectral foi realizada em diversos pontos do equipamento considerando a direção vertical, horizontal e axial. A tabela abaixo mostra o resumo das frequências correspondentes as maiores amplitudes encontradas:

Figura 6 - análise espectral.

 

Figura 7 - espectro mancal LOA - vertical.

  • As máximas amplitudes de vibração ocorrem no mancal LOA, com amplitude de 24,96mm/s
  • A frequência predominante é a de 59,68Hz (1x rotação nominal do ventilador)

Gerando os vídeos de ODS em 59,6Hz, temos:

 

Figura 8 - vídeo de ODS.

 

Pela análise de espectro é possível observar que as maiores amplitudes ocorrem na frequência de operação;

Os espectros apresentam uma grande quantidade de harmônicos, podendo ser uma característica de folgas e/ou baixa rigidez na estrutura;

Pelos vídeos de ODS observa-se um movimento de torção do mancal LA para o Motor, sendo uma característica de baixa rigidez da estrutura ou até mesmo ressonância;

 

Dando sequência na investigação partiu-se para um bump-test, onde foi aplicado um impacto em pontos da estrutura com intuído de obter as frequências naturais do equipamento.

Obs. Para o bump-test o equipamento precisa estar “parado” no momento dos impactos, deste modo este ensaio só é possível para equipamentos que possam ter seu funcionamento interrompido por alguns instantes.

Os resultados do bump-test são mostrados abaixo:

Figura 9 - sinal no tempo do impacto.

 

Figura 10 - FFT do impacto realizado.

Como pode ser observado o equipamento possui uma frequência natural de 57hz que coincide com a faixa de frequência de operação.

 

Deste modo podemos concluir que o equipamento está operando em RESSONÂNCIA. Pela análise de ODS foi identificado o modo de torção sendo característicos de modos de frequência natural, em seguida foi realizado um bump-test onde foi constatado a existência de uma frequência natural muito próxima a frequência de operação, fazendo com que as amplitudes de vibração aumentassem drasticamente.

Como pode ser observado no espectro, as amplitude chegam a 25mm/s, que quando comparado com a norma ISO 10816-3, se enquadra em um nível crítico sendo recomendada parada imediata do equipamento .

Como recomendações para a solução do problema deve-se alterar as frequências naturais da estrutura para longe da faixa de operação(60hz). Por experiência do time técnico da Ensus em situações já enfrentadas sobre ressonância a recomendação ideal é de que as frequências naturais estejam 20% acima da frequência de operação, neste caso acima de 72hz.

 

Gostou do artigo? Deixe seu comentário com sua opinião e dúvidas!

 

Você sabe qual é a diferença entre tensão de engenharia e tensão real?

 

Nesse artigo vamos explicar as diferenças entre tensão de engenharia e tensão real. Uma maneira simples de entender a diferença entre tensão de engenharia e tensão real é analisarmos um corpo de prova em um ensaio de tração:

 

Imagens de uma ensaio de tração

Figura 1 - Ensaio de tração.

 

Tensão de Engenharia

 

A tensão de engenharia considera a dimensão original do corpo de prova para o cálculo da deformação atuante, ou seja, se o corpo de prova tiver uma área inicial da seção transversal igual a 100mm², o cálculo da tensão será feito considerando as forças aplicadas no teste dividido por essa mesma área, ou seja:

Equação para cálculo da tensão de engenharia

 

Tensão Real

 

A tensão real considera a dimensão real do corpo de prova, ou seja, voltando para o exemplo do ensaio de tração é fácil imaginar que a medida que a força for aumentando, seu comprimento começa a aumentar, enquanto a área da seção transversal começa a diminuir (veja imagem abaixo), dessa maneira a tensão real é calculada pela força aplicada dividida pela área real da seção transversal do corpo de prova.

Equação para cálculo da tensão real

 

 

Corpo de prova de uma ensaio de tração.

Figura 2 - Corpo de prova antes e depois do ensaio de tração.

 

Conseguiu entender o conceito?

De maneira muito similar ao conceito explicado acima, devemos entender também a diferença entre deformação de engenharia e deformação real.

 

Deformação de Engenharia

 

Utilizando o mesmo exemplo anterior, podemos definir a deformação de engenharia tendo como referência o comprimento inicial do corpo antes de qualquer esforço, ou seja, para todos os cálculos de deformação será considerado o comprimento inicial (l0). Dessa maneira a deformação de engenharia é calculada considerando o comprimento instantâneo devido ao alongamento durante o teste (l), subtraído pelo comprimento inicial (l0) e então dividido novamente pelo comprimento inicial (l0), como mostra a equação abaixo:

Equação da deformação de engenharia - tensão de engenharia

 

Deformação Real

 

A deformação real considera uma medida de deformação incremental, ou seja, ao invés de considerar o comprimento inicial para o cálculo da deformação, neste caso é considerado a diferença de deformação instantânea considerando um instante de maior solicitação comparando com um instante anterior, podemos descrever esse comportamento utilizando a equação abaixo:

Equação para cálculo da deformação real - tensão de engenharia

 

Para o cálculo da deformação real as seguintes considerações são realizadas:

Considerações para o cálculo da deformação real

 

Correlacionando a deformação de engenharia com a deformação real, temos:

equação da deformação de engenharia - tensão de engenharia

equação da deformação real

 

Substituindo (1) em (2), temos:

Correlação entre deformação de engenharia e deformação real - tensão de engenharia

 

Resultado do Ensaio de Tração

 

Vamos para um exemplo prático de ensaio de tração de um corpo de prova padrão de aço carbono com raio e comprimento inicial de 5mm e 25mm respectivamente, (r0=5mm e L0=25mm), onde os valores de força vs deslocamento são mostrados abaixo:

Força x Deslocamento em um ensaio de tração

Figura 3 - Gráfico Força vs Deslocamento de um ensaio.

 

Utilizando as equações mostradas anteriormente e calculando a tensão e deformação de engenharia com base nos resultados de força e deslocamento mostrados no gráfico anterior, a tensão vs deformação de engenharia é mostrada abaixo:

Tensão x Deformação - tensão de engenharia

Figura 4 - Gráfico Força vs Deformação de engenharia.

 

De maneira análoga, utilizando as equações mostradas anteriormente, a tensão e deformação real são mostradas abaixo:

Tensão x Deformação  - tensão real

Figura 5 - Gráfico Tensão vs Deformação real.

 

Para efeito de comparação, os resultados mostrados acima são plotados no mesmo gráfico:

Grafico comparativo entre tensão de engenharia e tensão real

Figura 6 - Gráfico Tensão vs Deformação - comparativo

Algumas observações importantes sobre o gráfico são destacadas abaixo:

  • Note que para a parcela elástica do ensaio de tração, praticamente não existe diferença entre a curva de engenharia e real. Isso ocorre porque para pequenos deslocamentos e variações na área da seção transversal o resultado será o mesmo. Isso é muito importante de se observar, pois a maioria dos projetos estruturais na engenharia são dimensionadas para operar dentro do regime elástico e consideram teorias de pequenos deslocamentos.
  • A grande variação entre a curva de engenharia e real ocorre na região da plasticidade do aço devido à ampla diminuição da área da seção causada pela estricção;

Ficou claro a diferença entre tensão/deformação de engenharia e real? Se tiver alguma dúvida, deixe seu comentário que responderemos com prazer!

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Introdução

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A NBR 6123 é a norma brasileira que define parâmetros de cálculo para o projeto de equipamentos e estrutura que estão sujeitos as forças do vento.

Uma das partes mais importantes na fase de projeto de qualquer equipamento é a consideração das cargas. A aplicação de cargas que não condizem com a realidade gera perdas muito grandes, sejam elas de dinheiro (pelo superdimensionamento) ou devido a falha do equipamento (devido a cargas não previstas em projeto), além disso o mal dimensionamento traz riscos diretamente na vida das pessoas que trabalham em regiões próximas ao equipamento.

Dessa maneira, é de extrema importância analisar se o equipamento está em local aberto sendo submetido as forças devido ao vento. Se você está se deparando com alguma necessidade desse tipo, esse artigo vai sanar suas dúvidas sobre as considerações da NBR 6123.

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Sobre a NBR 6123

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Através da NBR 6123 conseguimos encontrar parâmetros e coeficientes indispensáveis para os cálculos da força em estruturas e edificações devido as ações estáticas e dinâmicas do vento.

A norma contém geometrias pré determinadas para a definição dos parâmetros para o cálculo do vento, como por exemplo geometrias retangulares, circulares, vigas e algumas outras. Caso exista a necessidade da aplicação da força do vento em edificações que contenham geometrias distintas das existentes na norma, é necessário realizar um estudo para determinar quais devem ser essas forças. Portanto este artigo tratará apenas das condições estabelecidas pela norma.

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Os três primeiros capítulos como toda norma, trazem as principais informações sobre ela, tais como:

  • Objetivo – diz respeito ao motivo de a norma existir, seu propósito;
  • Condições literais – trata das variáveis utilizadas nos cálculos da norma;
  • Definições – explica sobre alguns termos técnicos adotados na norma.

O procedimento de cálculo é tratado na norma a partir do capítulo 4, sendo as principais características destacadas ao decorrer deste artigo.

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Procedimentos de cálculo pela NBR 6123

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A força do vento em estruturas deve ser calculada separadamente para as seguintes partes:

  • Elementos de vedação e suas fixações (telhas, vidros, esquadrias, painéis de vedação etc.);
  • Partes da estrutura (telhados, paredes etc.);
  • Estrutura como um todo.

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Essa divisão adotada é importante pois partes da estrutura podem apresentar resultados mais críticos quando aplicada a força do vento.

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Posteriormente é necessário determinar as cargas estáticas devido a ação do vento, são elas:

  • Velocidade básica do vento (V0) – depende do local onde a estrutura é construída, a própria norma determina quais são essas velocidades, como mostra a imagem da Figura 1;
  • Velocidade característica do vento (Vk) – multiplica-se a velocidade básica por alguns fatores definidos pela norma (chamados de S1, S2 e S3), essa velocidade é utilizada para a parte da edificação em consideração;
  • Pressão dinâmica do vento (q) – elevando ao quadrado a velocidade caraterística do vento e multiplicando pelo fator 0,613 obtém-se a pressão dinâmica do vento, através dela é possível seguir para o próximo passo do cálculo.

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Velocidade básica do vento nas diferentes regiões do Brasil segundo NBR 6123

Figura 1 - Velocidade básica do vento nas diferentes regiões do Brasil.

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Os fatores S1, S2 e S3 são encontrados também na norma, eles são definidos como:

S1 – Fator topográfico, leva em consideração o relevo do local onde a estrutura ou edificação está instalada;

S2 – Fator de rugosidade do terreno, depende do tipo de local em que a edificação está instalada (próximo a oceanos, áreas abertas, zonas industriais etc.);

S3 – Fator estatístico, esse é aplicado baseado em conceitos estatísticos, considera o grau de segurança e a vida útil da edificação.

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Coeficientes de pressão e de forma

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Devido ao fato da força do vento depender principalmente da diferença de pressão entre faces opostas, é necessário dividir a edificação em duas partes:

  • Superfície externa;
  • Superfície interna.

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A variação de pressão é obtida através do cálculo abaixo:

Equação da NBR 6123 para cálculo da variação de pressão

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Para o caso do vento incidindo perpendicularmente a um elemento plano da estrutura de área qualquer é possível calcular a força exercida por ele da seguinte maneira:

Equação da NBR 6123 para cálculo da força do vento

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Os coeficientes de pressão e forma são obtidos também através da própria norma, eles dependem principalmente do tipo, formato e altura da edificação. O capítulo 6 da NBR 6123 trata exclusivamente da determinação dos coeficientes, além disso as tabelas 4 e 9 apresentam os coeficientes de pressão e forma externos para as edificações retangulares e circulares, como mostram as imagens abaixo:

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Coeficiente de pressão e forma pela NBR 6123

Figura 2 - Tabela com coeficientes de pressão e forma para edificações retangulares.

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Distribuição de pressão do vento em corpos retangulares - NBR 6123

Figura 3 - Distribuição da pressão do vento no corpo de formato retangular.

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Coeficientes de pressão externo para edificações circulares pela NBR 6123

Figura 4 - Coeficiente de pressão externo para edificações circulares.

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Ângulo de incidência do vento em corpos circulares

Figura 5 - Ângulo de incidência do vento em corpos circulares.

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Além dos coeficientes de pressão no corpo, as tabelas de 5 a 8 da NBR 6123 apresentam os coeficientes de pressão para os diferentes tipos de telhado existentes em corpos retangulares, os tipos de telhados mostrados na norma podem ser vistos nas imagens abaixo:

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Teto com duas águas

Figura 6 - Telhado com duas águas e simétrico.

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Telhado com uma água

Figura 7 - Telhado com uma água.

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Telhado múltiplo e simétrico segundo NBR 6123

Figura 8 - Telhado múltiplo e simétrico.

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Telhado múltiplo e assimétrico segundo NBR 6123

Figura 9 - Telhado múltiplo e assimétrico.

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A NBR 6123 não define parâmetros para o cálculo de tetos com formatos cônicos, muito vistos em edificações de formatos circulares, para estes casos, como já citado anteriormente, é necessário realizar um estudo sobre a maneira como o vento se comporta em corpos desse tipo.

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Coeficientes de força para barras prismáticas pela NBR 6123

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Barras prismáticas ou reticulados são termos adotados pela NBR 6123 para referir-se a vigas utilizadas nas edificações. A força exercida pelo vento nas barras prismáticas é obtida através do coeficiente de arrasto, como mostra a equação abaixo:

Equação da NBR 6123 para cálculo da força de arrasto

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A área frontal efetiva trata-se da área em que o vento realmente incide, por exemplo, uma viga pode apresentar diferentes áreas frontais efetivas dependendo do ângulo de incidência do vento.

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Veja no exemplo abaixo onde é mostrada a direção de incidência do vento.

Estrutura de sustentação qualquer

Figura 10 - Representação de uma estrutura de sustentação qualquer.

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Perceba que a mesma viga apresenta diferentes áreas efetivas de acordo com a direção da linha de ação do vento.

Área frontal efetiva descrita na NBR 6123

Figura 11 - Área frontal efetiva (em vermelho) para as vigas de mesma dimensão e sob diferentes ângulos de ação do vento.

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Já o coeficiente de arrasto pode ser obtido através da figura 6, presente no capítulo 7 da NBR 6123.

Coeficiente de arrasto

Figura 12 - Coeficiente de arrasto utilizado para vigas com cantos vivos ou levemente arredondados.

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Note que existe um fator Ø necessário para obter o coeficiente de arrasto. A NBR 6123 chama esse coeficiente de índice de área exposta e ele pode ser obtido da seguinte maneira:

Equação da NBR 6123 para o cálculo do índice de área exposta

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A área frontal da superfície limitada pelo contorno das vigas pode ser definida como a área de uma superfície imaginária definida a partir dos limites das vigas que compõe a estrutura, para facilitar observe a imagem abaixo:

Área frontal limitada pelo contorno do reticulado descrita na NBR 6123

Figura 13 - Área frontal efetiva da superfície limitada pelo contorno das vigas (em vermelho).

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Percebe-se que é possível obter essa área apenas multiplicando as dimensões já conhecidas, ou seja, a distância entre as vigas mais externas e a altura das vigas.

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Depois disso basta executar o cálculo de Ø e encontrar na figura 6 da norma o coeficiente de arrasto para a viga analisada.

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Existem diversas outras figuras na norma que determinam os coeficientes de arrasto para determinado tipo de perfil, por exemplo:

  • Figura 7 – determina o coeficiente de arrasto para barras de seção circular;
  • Figura 9 – determina o coeficiente de arrasto para seções quadradas e triangular equilátera, etc.

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Então caso já exista o perfil desejado na NBR 6123 coeficientes tabelados, basta retirá-los das figuras do capítulo 7, caso o perfil encontrado seja diferente dos especificados pela norma, é necessário consultar as diretrizes do capítulo 7 e anexos para calculá-lo.

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O capítulo 8 da NBR 6123 trata dos coeficientes de força para muros, placas e coberturas isoladas, já o capítulo 9 trata dos efeitos dinâmicos devido a turbulência atmosférica. Para os fins desse artigo estes capítulos não serão analisados, visto que posteriormente os conhecimentos aqui descritos serão utilizados para novos artigos, utilizando como exemplo de análise pela norma um silo de armazenamento de grãos.

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Conclusão

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Este artigo teve a intenção de apresentar os conceitos básicos para o cálculo da força devido ao vento e organizá-lo de maneira mais prática, dividindo em etapas e mostrando as considerações necessárias para executar o cálculo. O principal foco é facilitar o entendimento daqueles que estão interessados no assunto, no entanto para obter informações mais detalhadas é sempre recomendado a leitura da própria norma.

Além disso as informações contidas nesse artigo servirão de base para outros artigos do blog da Ensus em que a força devido ao vento é uma componente importante.

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INTRODUÇÃO

Fizemos um artigo no passado, explicando a importância de se aplicar o torque correto em parafuso.

Apresentamos o conceito da força de pré carga que é gerada pela aplicação do torque, sendo essa força a mais importante para ser controlada em uma união parafusada.

MÉTODOS DE APERTO DE PARAFUSO

Alguns métodos utilizados para “controlar” a força de pré carga são detalhados abaixo:

Maneiras de se aplicar o torque

Os métodos mais precisos para a verificação da força de pré carga são os dois últimos da tabela acima (Alongamento e Extensômetro).

Neste artigo vamos apresentar o passo a passo para instalar o extensômetro em parafusos, para que no final seja possível ter um parafuso sensorizado pronto para o uso em alguma aplicação especifica onde seja necessário medir a força de pré carga.

Ao final de todas as etapas ele ficará como mostra a imagem abaixo:

Parafuso sensorizado finalizado

Figura 1 - Parafuso sensorizado pronto para uso.

O extensômetro é instalado em um furo realizado no centro do parafuso, de acordo com a imagem abaixo:

Vista em corte com detalhe do sensor dentro do parafuso

Figura 2 - Extensômetro instalado dentro do furo do parafuso.

PASSO A PASSO PARA FABRICAR O PARAFUSO SENSORIZADO

O passo a passo para a instalação do extensômetro no parafuso é o seguinte:

  • Passo 1 – Furar o parafuso:
    • O furo deve ser bem centralizado, sendo importante atender as dimensões de diâmetro e comprimento fornecidas pelo fabricante do sensor.
  • Passo 2 – Limpar o furo:
    • O furo deve ser limpo com álcool isopropílico ou acetona.
  • Passo 3 – Colagem do Extensômetro no Parafuso
    • O extensômetro deve ser colado no parafuso com colas especiais, atendendo o processo de cura a temperaturas pré determinadas.

Sensor sendo inserido dentro do parafuso

Figura 3 - Extensômetro sendo inserido no furo .

  • Passo 4 – Conexão do Extensômetro com Fio Externo:
    • O extensômetro deve ser conectado com fios externos que possibilitem a medição da deformação em módulos específicos e apropriados.

Conexão do parafuso com o fio externo

Figura 4 - Conexão com o fio externo.

  • Passo 5 – Calibração do Sensor:
    • O parafuso deve ser submetido a um teste, em uma máquina de tração, onde são aplicadas forças axiais e verificado os resultados obtidos pelo extensômetro. Todas as cargas aplicadas estão dentro do regime elástico do material e tem como principal objetivo verificar a efetividade da instalação do sensor e a linearidade dos resultados obtidos.
    • A relação entre força aplicada e resposta do sensor, fornece um coeficiente de calibração que relaciona a força de pré carga no parafuso com a deformação do sensor.

Ensaio de tração no parafuso sensorizado

Figura 5 - Parafuso sumetido a ensaio de tração para calibração do sensor.

  • Passo 6 – Utilização do Parafuso Sensorizado:
    • O parafuso sensorizado está pronto para ser utilizado, e para isso é necessário conectar os fios em uma placa de aquisição apropriada para extensômetros.

Setup para coleta de dados do extensômetro

Figura 6 - Setup para medição do parafuso sensorizado.

    • À medida que o torque for aplicado no parafuso, o valor da força de pré carga será apresentado na tela do computador.

Torque sendo aplicado no parafuso

Figura 7 - Torque sendo aplicado no parafuso sensorizado.

A resposta de deformação do sensor durante a aplicação do torque pode ser visualizada abaixo:

Gráfico de deformação x tempo

Figura 8 - Gráfico de Deformação x Tempo.

Multiplicando a deformação pelo coeficiente de calibração, é possível obter a resposta da força de pré carga aplicada, conforme é mostrado abaixo:

Gráfico de pré carga x tempo

Figura 9 - Gráfico de Força de Pré Carga x Tempo.

ENTENDENDO NA PRÁTICA A IMPORTÂNCIA DA PRÉ CARGA EM PARAFUSO...

Em qualquer projeto que haja parafusos, o torque é calculado a partir da força de pré carga necessária para garantir que a união não se separe e que não haja flutuações de tensão no parafuso (já falamos sobre isso em nosso artigo).

No final das contas, o torque é uma maneira mais fácil, rápida e barata de se controlar, entretanto pode não ser preciso o suficiente.

Agora, faremos o inverso, vamos aplicar 30N.m no parafuso sensorizado e calcular a força de pré carga teórica para posteriormente compará-la com o valor obtido pelo sensor.

Torque sendo aplicado no parafuso

Figura 10 - Torque sendo aplicado no parafuso.

Para o experimento, utilizamos um torquímetro de vareta, que não é nada preciso devido principalmente a sua dificuldade de medição.

Detalhe da marcação de 30Nm

Figura 11 - Marcação de 30N.m no torquímetro.

A força de pré carga teórica pode ser calculada pela equação abaixo:

Equação de pré carga

Variáveis da equação de pré carga

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O coeficiente de torque depende da maciez da superfície, acurácia e grau de lubrificação, em outras palavras, é um coeficiente que mede todos os atritos envolvidos durante o aperto do parafuso.

A grande variação das amplitudes de pré carga, se dá por conta dos valores que podem ser utilizados para este coeficiente. Já é fácil imaginar que esse fator pode variar drasticamente se a rosca de um parafuso estiver limpa ou suja, lubrificada ou enferrujada, e assim por diante.

Geralmente, o valor do coeficiente de torque nominal é adotado entre 0,15 a 0,3. Para este experimento adotaremos 0,2.

Fazendo esse cálculo para o parafuso em questão, temos:

Cálculo da força de pré carga

De acordo com o gráfico de pré carga do parafuso sensorizado, o valor da pré carga relativo aos 30N.m é obtido no patamar mostrado abaixo:

Detalhe da marca de 30Nm aplicada pelo torquímetro

Figura 12 - Força de pré carga do parafuso sensorizado.

O valor de pré carga é de 7.140,0N.

COMPARATIVO

Fazendo o comparativo entre os valores de pré carga obtidos pelo torquímetro de vareta e o parafuso sensorizado, temos:

Tabela comparativa entre resultados do torquímetro e sensor

A variação é maior que 100%!!

A interpretação desses valores deve ser feita da seguinte forma:

  • Imagine que o torque de projeto para esse componente seja de 30N.m, e a força de pré carga seja de 15.000,0N. Ou seja, é necessário garantir que os 15.000,0N sejam aplicados na união parafusada.
  • Quando você utiliza o torquímetro de vareta e chega a 30N.m está na verdade aplicando apenas 7.140,0N de pré carga. Essa pré carga é muito abaixo do que realmente deveria ser aplicado.
  • No final das contas, podemos concluir que utilizando o torquímetro de vareta não foi aplicado a força de pré carga necessária para esta união parafusada.

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Conseguiu entender na prática? Se ficou alguma dúvida, deixe seu comentário...

Não é à toa que empresas automobilísticas, aeronáuticas entre outras que precisam garantir um torque correto em componentes gastem milhões para controlar esse parâmetro.

A Ensus é especializada na fabricação de parafusos sensorizados, podendo oferecer o serviço de instalação, calibração e medição de parafusos de acordo com a especificação do cliente.

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Contate-nos através do e-mail atendimento@ensus.com.br para saber mais sobre esses serviços.

Confira também nosso canal no YouTube para ver um pouco mais como trabalhamos.

Introdução

O Fatigue Tool é uma ferramenta do Ansys Workbench que permite fazer o cálculo de fadiga dos modelos analisados. Através dele é possível determinar:

  • A vida de fadiga;
  • O coeficiente de segurança;
  • A tensão alternada equivalente;
  • Dano;

A fadiga é a principal responsável pela falha de equipamentos e componentes mecânicos, e é de conhecimento de todos que os cálculos para verificação de fadiga levam um certo tempo e trabalho para serem feitos.

Uma maneira rápida e prática de se realizar os cálculos de fadiga é através do Fatigue Tool do Ansys Workbench, onde é possível utilizar os resultados de tensão da análise de elementos finitos para calcular a vida de fadiga de um componente.

Dados do modelo

 

Este artigo possui o intuito de mostrar exclusivamente um pouco mais sobre a ferramenta Fatigue Tool. Se você possui interesse em aprender um pouco mais sobre fadiga recomendamos a playlist de fadiga do nosso canal no Youtube e os demais artigos referentes a esse tema:

Para mostrar essa ferramenta utilizamos o pedal de freio da equipe EESC USP Fórmula SAE. O modelo do pedal em CAD é mostrado abaixo:

Modelo original

Figura 1 - Montagem do pedal (modelo original)

Como pode ser visto na imagem o modelo é fixado pela parte inferior do pedal, além disso o pedal conta com dois cilindros fixados na haste responsável por acionar o sistema hidráulico, como mostra a imagem abaixo:

Vista em corte do pedal de freio

Figura 2 - Vista em corte do cilindro mestre com a presença do pedal.

Considerando que o objetivo principal da análise é realizar o cálculo de fadiga do pedal do freio, não foi necessário levar o conjunto completo do sistema.

Modelo utilizado para análise com Fatigue Tool

Figura 3 - Modelo utilizado na análise de elementos finitos.

O material aplicado ao modelo pode ser visto na imagem abaixo:

Material aplicado ao modelo do Fatigue Tool

Figura 4 - Material aplicado ao modelo.

As propriedades mecânicas do material são detalhadas na tabela abaixo:

Tabela de propriedades do material

Tratando-se de uma análise de fadiga, é necessário realizar a configuração adequada entrando com o número de ciclos e tensão alternada, como mostra a imagem abaixo:

Detalhes da curva S-N para o Fatigue Tool

Figura 5 - Dados da curva de fadiga e curva de fadiga construída pelo Ansys (escala logarítimica), respectivamente.

Os pontos mostrados acima, foram calculados de acordo com a equação da curva S-N e dados de fadiga do material encontrados no eFatigue:

Equação para cálculo da curva de fadiga

Descrição das variáveis

Curva S-N pelo eFatigue

Figura 6 - Curva de fadiga S-N (Fonte: eFatigue).

A configuração da curva de fadiga deve ser feita acessando o “Engineering Data” da análise em questão, e selecionando a opção “S-N curve”.

Como inserir as informações do material

Figura 7 - Detalhe do Engineering Data.

Como inserir a curva S-N para o Fatigue Tool

Figura 8 - Forma de inserir a curva S-N.

Análise de elementos finitos

Os contatos do modelo podem ser vistos na imagem abaixo:

Contatos

Figura 9 - Contato entre o pedal e a chapa onde o piloto pisa.

A malha do modelo é mostrada abaixo:

Informações da malha

Vista isométrica da malha para o Fatigue Tool

Figura 10 - Vista isométrica da malha do modelo.

Vista lateral e frontal da malha

Figura 11 - Vista lateral e frontal da malha, respectivamente.

Foram aplicadas 02 restrições no modelo, sendo a primeira referente a rotula inferior e outra relativa ao cilindro mestre.

  • Na rotula inferior foi inserido um Remote Displacement, considerando a rotação livre, de acordo com a imagem abaixo:

Remote Displacement para o giro do pedal

Figura 12 - Detalhe da restrição Remote Dispacement aplicada ao modelo.

A máxima tensão desse pedal ocorre o momento em que o cilindro atinge o fim de curso, pois a partir desse momento não existe mais liberdade para ele se movimentar e acontece um efeito de alavanca no pedal.

  • Para considerar a restrição imposta pelo cilindro mestre no final de curso, foi criado um sistema de coordenada com o eixo “Y” alinhado com a posição axial do cilindro (8,28° medido a partir do eixo vertical), e aplicado um Remote Displacement com restrição nesse mesmo eixo.

Condição de restrição para análise com Fatigue Tool

Figura 13 - Condição de restrição representando a compressão total do cilindro (fixo em Y).

A força aplicada ao pedal foi de 2kN.

Carga de 2kN aplicada

Figura 14 - Força de cálculo aplicada ao modelo.

Os resultados obtidos na análise estática são os seguintes:

Deslocamento do modelo

Figura 15 - Vista isométrica do deslocamento do modelo e vista lateral do modelo ampliada, respectivamente.

Tensão de von-Mises do modelo

Figura 16 - Vista geral das tensões de von-Mises do modelo - vista isométrica e lateral, respectivamente.

A máxima tensão no modelo ocorre no raio inferior de alívio, como pode ser observado na imagem abaixo:

Detalhe da máxima tensão do modelo

Figura 17 - Detalhe da máxima tensão de von-Mises.

Uma das principais dificuldades da análise de fadiga, é entender se a tensão máxima é realmente coerente e pode ser considerada para o cálculo.

Quando se realiza uma análise para prevenir o colapso plástico  é normal que as tensões máximas sejam desprezadas e que seja considerado uma tensão distante do ponto máximo, levando em consideração o fato de que um ponto de tensão muito localizada mesmo que ultrapassar o limite de escoamento vai se redistribuir e não ocasionará uma falha por colapso plástico.

Entretanto para a falha por fadiga justamente esses pontos localizados de tensão é que são os grandes causadores da iniciação e propagação da trinca.

Por este motivo, nesta região foi realizado uma análise de convergência para verificar se a tensão de ~440MPa é real e pode ser considerada para o cálculo de fadiga.

O processo de convergência pode ser realizado automaticamente pelo Ansys, clicando com o botão direito em cima do resultado de tensão e selecionando a opção “Convergence”, conforme é mostrado abaixo:

Como inserir a convergencia para os resultados do Fatigue Tool

Figura 18 - Forma de inserir o comando Convergence.

Quando essa opção é ativada, o Ansys resolve a análise de maneira iterativa e compara os resultados das tensões obtidas. A cada iteração a malha é refinada para verificar se existe um aumento de tensão dentro uma % pré determinada.

A porcentagem de mudança permitida pode ser definida pelo usuário no local destacado abaixo:

Gráfico de verificação da convergencia

Figura 19 - Verificação da convergencia.

Ao final do processo iterativo é possível verificar a malha final do modelo:

Vista da malha refinada na região de máxima tensão

Figura 20 - Detalha da região de máxima tensão com malha refinada.

As tensões da análise estática podem ser comparadas com o limite de escoamento para identificar o coeficiente de segurança do projeto.

Como pode ser observado a tensão atuante é bem próxima ao limite de escoamento gerando um coeficiente de segurança de 14%.

Utilizando o Fatigue Tool

O primeiro passo é inserir o Fatigue Tool da mesma maneira que são inseridos os resultados da análise, como mostrado abaixo:

Forma de inserir o Fatigue Tool

Figura 21 - Local onde deve ser inserido o Fatigue Tool.

Posteriormente, é necessário definir alguns parâmetros:

Definição de parametros do Fatigue Tool

Figura 22 - Detalhes do Fatigue Tool.

Os parâmetros definidos para essa análise foram:

  • Fatigue Strength Factor (Kf) = 0,67 – Fatores de modificação de resistência de fadiga. Podem ser obtidos no efatigue ou em literaturas sobre o assunto (ex. Shigley).
  • Type = Zero Based – Nesse tipo de carga o software considera que a variação de tensão é entre zero e a máxima tensão da análise estática. Existem outras opções que também podem ser utilizadas.
  • Analysis Type = Stress Life – Método de análise de fadiga, onde as propriedades de fadiga são obtidas com o monitoramento de tensão e número de ciclos até a falha total do corpo de prova. Esse método é utilizado para fadiga de alto ciclo.
  • Mean Stress Theory = Goodman – critério para a correção do efeito da tensão média.
  • Stress Component = Equivalent (von-Mises) – Tipo de tensão utilizada para o cálculo de fadiga.
  • Units Name = cycles – pode-se utilizar a opção de ciclos, horas ou blocos de acordo com a necessidade do usuário.

Para a análise de fadiga desse modelo foram inseridos os resultados do número de ciclos e coeficiente de segurança, como pode ser visto nas imagens abaixo:

  • Os resultados em azul representam as regiões que possuem vida acima de 1 milhão de ciclo, sendo considerado como vida infinita.
  • A menor vida é encontrada no raio inferior do pedal destacada abaixo. A vida mínima é de 25,5 ciclos o que equivale a ~25 pisadas com força total no freio.

Vida de fadiga pelo Fatigue Tool

Figura 27 - Vista de fadiga do componente, vista isométrica e detalhe da região de menor vida, respectivamente.

  • Os coeficientes de segurança maior que 1, são regiões que possuem vida infinita, ou seja, vida maior de 1 milhão de ciclos.
  • Os menores coeficientes de segurança são relativos as menores vidas, ou seja, as regiões mais susceptíveis a falha.

Coeficiente de segurança pelo Fatigue Tool

Figura 28 - Vista dos coeficiente se segurança do pedal e vista iso das regiões com CS menores que 1, respectivamante.

Conclusão sobre o Fatigue Tool

A tensão máxima obtida no pedal do freio é alta e gerou uma vida de fadiga muito baixa ~25 pisadas no freio com a força de 2KN.

O método utilizado para o cálculo de fadiga foi o S-N que é apropriado para fadiga de alto ciclo (acima de 10.000 ciclos), e, portanto, não é válido para os resultados obtidos. Entretanto, considerando que o intuito seja projetar um componente para fadiga de alto ciclo é válido que esse método seja utilizado para verificar se o design está apropriado ou não.

Portanto, neste caso é necessário realizar modificações na geometria e rodar novamente a análise para obter novos resultados.

Como pode ser observado é rápido e prático utilizar a ferramenta Fatigue Tool para o cálculo de fadiga, no entanto, como em qualquer análise, deve-se sempre tomar cuidado com os parâmetros de input e análise dos resultados.

  • Com relação aos inputs é importante entender o significado da propriedade de fadiga, e todos os parâmetros necessários para serem utilizados no fatigue tool (qualquer dúvida que tiverem deixem nos comentários)
  • Com relação a análise dos resultados é necessário certificar que as tensões são reais, ou seja, não se trata de singularidades e representam regiões que podem realmente falhar no critério de fadiga (lembrem-se de realizar a análise de convergência da malha).

Algo que também é um ponto positivo, sem dúvidas é o fato do Mechanical apresentar uma parte gráfica que permite observar os resultados através da escala de cores, isso ajuda a perceber os pontos de menor coeficiente de segurança e trabalhar de maneira rápida para corrigir o necessário, modificando o design e rodando iterações.

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Como medir torque em eixos com extensômetros?

A necessidade de medir torque em equipamentos pode ser dos mais variados, podendo estar relacionado com investigação de falha, determinação da potência mecânica ou até de maneira preventiva.

Para ilustrar o procedimento de medição de torque em eixos vamos utilizar um tubo em que será possível fazer a instalação dos sensores como também a validação dos resultados dos testes através da análise de elementos finitos.

Teste de torque

Figura 1 - Teste experimental de torque e análise de elementos finitos, respectivamente.

 

Neste teste, os extensômetros foram posicionados no meio do tubo e uma força pré determinada foi aplicada na haste para produzir um torque conhecido.

Demonstração do teste de torque

Figura 2 - Setup para teste de torque.

 

O sensor utilizado para a medição do torque é o extensômetro (ou strain gauge) que mede a deformação superficial do material quando submetido a carregamentos externos. Se quiser aprender mais sobre os extensômetros, acesse nosso artigo: Extensômetria (Strain Gauge)  - O que é? Quando utilizar?

Para esta aplicação é necessário utilizar a configuração de ponte completa, onde são instalados 4 extensômetros para a obtenção de um resultado de torque.

 

Os extensômetros utilizados são do tipo espinha de peixe, em que a grade do sensor é disposta a 45° da linha horizontal, conforme imagem abaixo:

Extensômetro tipo "Espinha de peixe"

Figura 3 - Extensômetro do tipo "espinha de peixe".

 

Essa disposição é por conta da direção da deformação principal de um elemento submetido puramente a torção ser de exatamente 45° em relação ao eixo longitudinal, conforme imagem abaixo:

Direção das tensões principais quando submetido a torque

Figura 4 - Direção das máximas deformações principais.

 

Foram posicionados 02 extensômetros do tipo “espinha de peixe” defasados 180° um em relação ao outro, conforme é mostrado na imagem abaixo:

Vista isométrica detalhando posicionamento dos extensômetros

Figura 5 - Vista isométrica do tubo com referências das vistas.

Vistas superior e inferior para monstrar o posicionamento dos extensômetros

Figura 6 - Detalhe com posicionamento dos extensômetros.

Vista frontal do posicionamento dos extensômetros

Figura 7 - Detalhe com posicionamento dos extensômetros.

 

Posicionamento longitudinal dos extensômetros no protótipo de torque

Figura 8 - Psicionamento longitudinal do extensômetro.

 

Posicionamento radial dos extensômetros no protótipo de teste de torque

Figura 9 - Psicionamento radial dos extensômetros (180°).

 

Imagens superior e inferior detalhando o posicionamento dos extensômetros no protótipo de torque

Figura 10 - Psicionamento dos extensômetros (top e bottom).

 

Após o posicionamento dos sensores, toda a ligação e cabeamento foi realizada:

Detalhe do conector utilizado

Figura 11 - Cabeamento e conector.

 

Para coleta de dados foram utilizados equipamentos National Instruments, sendo o chassi cDAQ-9191 e Módulo de aquisição NI 9237.

Detalhe do módulo e chassis utilizados para obter os dados do teste de torque

Figura 12 - Chassis cDAQ-9191 e módulo NI-9237.

 

O cabo RJ50 foi conectado ao módulo NI-9237, como mostra a imagem abaixo:

Conexão do cabo com o conector

Figura 13- Conexão entre o cabo RJ50 e módulo NI-9237.

 

O resultado do teste é apresentado abaixo:

  • Inicialmente o torque é zero (pois não existe força externa aplicada ao tubo) e logo após 75 segundos de teste, é aplicado a força de 13,0kgf(127,5N) na haste gerando uma deformação de ~4,455E-5.

    Gráfico de deformação x tempo

    Figura 14 - Gráfico de Deformação x Tempo.

Levando em consideração que o tubo apresenta deformações dentro da zona elástica e aplicando a Lei de Hooke para transformar deformação em tensão, considerando o módulo de elasticidade como 200GPa, temos:

Gráfico de tensão x tempo

Figura 15 - Gráfico de Tensão x Tempo.

 

Considerando a mesma carga e condição de restrição, os resultados da análise de elementos finitos são apresentados abaixo:

Teste de torque no FEA

Figura 16 - Condições de restrição para análise de elementos finitos.

 

Resultado da resposta ao torque na posição do extensômetro

Figura 17 - Vista ISO com o resultado da tensão de cisalhamento.

 

A comparação entre o teste experimental e a análise de elementos finitas é apresentada na tabela abaixo:

Comparação dos resultados do teste de torque e fea

O interessante desse tipo de instalação é que o resultado obtido é referente apenas a torção no tubo, e as deformações relativas a outras solicitações (ex. flexão, tração ou compressão) não são medidas pela maneira que os extensômetros estão dispostos no componente. Isso se torna muito interessante para aplicações onde é necessário medir apenas o torque de um eixo ou algum componente que esteja submetido a torção.

 

Ficou alguma dúvida sobre esse tipo de instalação ou tem alguma aplicação em que seja interessante esse tipo de medição? Compartilhe conosco e deixe seu comentário abaixo.

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